Funcionário de uma operadora de telefonia e internet, Eliezer Barcelos passou a morar metade dos dias da semana em Eldorado do Sul devido às exigências do trabalho. No Município, que foi um dos mais atingidos pela enchente no Estado, ele tinha alugado uma residência e a mobiliado com móveis usados recentemente. No local, a água ultrapassou a altura do telhado e tudo foi perdido. Ao retornar a Pelotas, Barcelos teve que lidar novamente com o impacto de ver o lar tomado pela inundação. Na casa da família, que fica no Pontal da Barra, a água chegou no nível da metade das portas.

No início de maio, quando soube que as ruas de Eldorado do Sul estavam inundando, Eliezer Barcelos estava em Criciúma a trabalho, e retornou imediatamente à cidade na tentativa de salvar as coisas de dentro de casa. No entanto, já não havia mais a possibilidade de acessar o bairro. “Não tinha mais o que fazer. A casinha que eu aluguei lá estava tomada pela água. Tinha roupas e móveis usados que eu comprei. Perdi tudo”, relata. De acordo com o morador, a residência em Eldorado foi uma alternativa para não perder o emprego, já que havia demanda por operações na região Metropolitana.

Mesmo diante da situação, a empresa em que trabalha continua com as atividades normalmente em vários municípios, o que pode acarretar na demissão de Eliezer, já que sem casa e estando em Pelotas, ele está impossibilitado de cumprir as demandas.

Preocupado com o emprego pelo qual sustenta quatro crianças, Barcelos lamenta ter que lidar com a situação ao mesmo tempo em que tem que arcar com as perdas. Os desafios para a retomada nos dois municípios encontram-se em estágios distintos. Em Eldorado do Sul, a água chegou a alcançar três metros acima do telhado da sua moradia. No Laranjal, a inundação está estagnada na altura das maçanetas, na casa que fica localizada na rua, Aureo Carlos Pinto dos Santos, no Pontal da Barra. “Eu estou sem auxílio de lado nenhum, estou ficando com meu irmão. Em Eldorado já começou a baixar as águas, mas no Laranjal ainda não tem como entrar.”

Na quinta-feira, Barcelos conseguiu um barco para acessar a casa no Pontal da Barra. Ele precisa pegar a carteira de identidade, mas não conseguiu encontrá-la. Ao invés disso, saiu com as mãos cheias de itens para ele tão importantes quanto o documento: um par de chinelos, ainda na caixa, que havia comprado para o filho mais novo e alguns brinquedos das outras crianças. “Foi o que deu para salvar. Estava tudo boiando. Tinha freezer e geladeira virado do avesso”, conta.

O morador ainda aproveitou para entrar na casa do avô, que também reside no Laranjal, e recuperou uma televisão e um fogão.